quinta-feira, 19 de maio de 2016

Como Nascem as Bruxas


   Quando o fel amargo da sina e a bílis negra do rancor brotam como ondas flamejantes nos
mares tempestuosos da alma e do coração de uma mulher, tome cuidado homem, anjo ou deus!... Porque a mulher é uma criatura misteriosa e estranha, muito além de santa e demônio ─ mata com o olhar e com o sentimento! Flui em suas veias o místico e rebelde sangue de Eva e em sua boca escorre a saliva peçonhenta e luxuriosa de Lilith. Carrega dentro de si o céu e o inferno, e a sua capacidade de amar e odiar é infinita. Portanto, tu, que estás a ler estas linhas, temei a mulher quando ela te odiar! A mulher é enigma e labirinto, amor e morte, paixão e ódio, arco-íris e relâmpago, poesia e cólera, luz e sombra, berço e túmulo!


   Machucaste uma mulher? Se tu fores um homem, sofrerás; se tu fores um deus, perderás um seguidor.

   São muitas as histórias de mulheres e muitas as de bruxas. Esta é uma delas. De bruxa e de mulher. Se tu, cristão, estás a ler estas linhas, é melhor persignar-te antes de continuar a leitura desta sombria e metuenda história!

   Rebecca tinha dezoito primaveras naquele ano de 1692, em Salém. Mas para ela, então, não eram primaveras, mas sim outonos – outonos de tristeza, de ódio, de ojeriza ao seu fadário de réprobo.

   Ela sabia que, se continuasse com a vidinha estúpida que levava em Salém, nunca seria nada na vida.  A vida é assim, mormente para os miseráveis: as portas só são abertas para os fortes, pois aos tíbios é dado o veneno negro da vida e o labirinto da mediocridade. A porta do inferno é ampla e fica aberta noite e dia, por ela passam os fortes e ousados. A outra porta, mais estreita, é a do céu: passam por ela os que suportaram o sofrimento nos braços de Jesus, sem venderem sua alma e sem sucumbirem à angústia do fracasso. Mas Rebecca não queria o infortúnio como ingrediente básico do crescimento espiritual – queria a vida sem dor, a paixão, a lascívia sem sofrimento, no prazer, no gozo da carne.

   Passam as estações da existência, e logo o outono imperava na vida de Rebecca. O outono do
infortúnio e da danação. Rebecca estava agora junto ao leito de seu amor, Joshua, já quase morto por uma doença terrível, algo muito pior que a lepra! Joshua parecia um zumbi. Sua aparência física era pior do que uma pessoa com anorexia em estágios finais.  Joshua, o amor de Rebecca, que sempre rezara, sempre semeara o amor e o bem, mas agora ele estava morrendo. Os ossos pareciam querer furar a pele branca, cadavérica. A carne começava a ficar pútrida, fétida. Era praticamente um nauseabundo esqueleto vivo, e o olhar perdido, embaciado, fitava o nada da vida e sonhava com uma libertação na morte. A dor era tanta, que Joshua não mais falava, mas trauteava algo como um cântico profano em repúdio à dor excruciante da enfermidade satânica.


   Rebecca tentava consolar Joshua, mas era inútil. O deus que Joshua adorara durante toda a sua vida agora o premiara com a negação de ajuda ante a terrível doença.

   Rebecca ia perdendo a fé, mas num último hausto de esperança, olhou o crucifixo na parede. Ali estava Cristo, o crucificado. Uma prece, a última, a derradeira desprendeu-se dos lábios de Rebecca, como num murmúrio, como uma pétala da flor negra do desespero caindo, açoitada pelos ventos do destino cruel.

 ─Jesus, não o deixe morrer! Por favor, não deixe meu amor morrer!... Eu o quero perto de mim, preciso de Joshua, do seu amor e seu corpo, ao meu lado, me tirando da solidão da vida... Não, Senhor!... Não o deixe que o levem... Não me deixe sozinha neste mundo de sonhadores e desgraçados!”

   O amor de Rebecca. O sofrimento de Joshua. O fardo da enfermidade consumindo-o como um veneno lento e inexorável. Joshua macilento, lúrido, às portas da morte, nas vascas da agonia. Rebecca desesperando, perdendo as ilusões, as esperanças do auxílio da mão divina...

   Os olhos de Joshua pareciam dizer a Rebecca:

   “Rebecca...estou caindo na escuridão...faz frio, agora...Ouça-me, querida...estou morrendo...é um vácuo a morte, e nele há o fim mas o começo de uma nova dor... Rebecca, me salva do inferno!”

   Ao que Rebecca respondia, desesperada:

─ Não morra meu amor! Oh, não morra!

   O último suspiro quase coincidiu com o trovão da tempestade, lá fora, na noite, que chegava como o veredicto da morte.

   Logo, o temporal. A chuva. Lágrimas nos olhos de Rebecca.

   Rebecca ainda tentou manter Joshua, seu amor, à vida, mas já era tarde. Sacudiu-o no leito, mas ele morria, ele morria! Estava agonizando, descendo ao reino das sombras, ao país dos mortos. A respiração cessava. O coração parava de bater. Uma frieza cadavérica apossava-se do corpo esquálido, carcomido pelo mal que lhe consumia.



   Então sobreveio o horror. Uma coisa tenebrosa aconteceu! Joshua, agonizando, expeliu um grito final, de desespero e medo, que retumbou no quarto como retumbam os trovões do inferno, e concomitantemente, o corpo esquelético de Joshua começou a tremer como que atravessado pela eletricidade estranha e medonha da morte. Uma baba ou gosma sanguinolenta escorreu pela comissura da boca. A carne pútrida foi se desprendendo como que a derreter sob sóis infernais calcinantes, invisíveis ao olhar humano são. E os olhos saltaram das órbitas, e um cheiro nauseabundo evolou da pele lívida de Joshua, como uma emanação mefítica de mil carniças nas pradarias ardentes do inferno, até que o paroxismo do horror veio na forma do silêncio sepulcral e do rigor mortis.

   Rebecca baixou a cabeça, vencida pelo horror, pelo medo, pelo desespero... E pelo ódio! Sim, ódio do destino, do descaso de Deus... Pois onde estivera Ele, enquanto Joshua morria, engolido pela morte?

   Rebecca soltou um grito histérico, insano. Depois, parecia estar catatônica. Olhou o patético crucifixo na parede.

   A ira. A loucura. O desespero. Ingredientes sinistros para uma transformação diabólica de alma. Tudo a envenenar a alma da jovem.

   Rebecca apanhou a bíblia e alguns frascos de remédios de sobre o criado-mudo e, num ímpeto de selvagem loucura e ódio, pôs-se a atirá-los furiosamente sobre o crucifixo na parede, gritando blasfêmias e impropérios.

─ Maldito sejas tu, ó deus dos desgraçados! Porque deixaste meu amor morrer, Deus inútil? Por que não o salvaste? Eu respondo: porque és o deus dos tíbios!


   Com o estrondo do trovão da tempestade lá fora, um pacto parecia selar-se nos recônditos da alma de Rebecca. E ela comemorou com uma gargalhada insana quando a luz súbita do relâmpago atravessou a vidraça da janela e iluminou-lhe o cenho rancoroso, antes de murmurar para si própria:

─ Doravante terei mil razões de vingar-me do destino, por mil eras eu te odiarei, ó Deus inútil dos fracos!...A magia do meu ódio será o legado que deixarei sobre esse vale de lágrimas, a Terra, de onde me tiraste aquele a quem amei, o meu querido Joshua!

   Assim nascem as bruxas - nascem do desespero incoercível, do ódio contumaz e da rebeldia ante o corte dos liames da paixão pelas mãos divinas!...


 Retirado do: Contos de terror http://www.contosdeterror.com.br/


domingo, 8 de maio de 2016

Arcanjo Azrael

   Azrael é o Arcanjo da justiça islâmico. Ele também é o Anjo da morte na tradição e folclore Judaíco-Cristã.
 
   O nome literalmente significa "aquele a quem Deus ajuda".Também é conhecido como Samael

   Azrael, primeiramente conhecido como Azra, o descendente de Abraão e escriba da Babilônia. Nos primeiros anos do Cristianismo ele foi conhecido como Esdras, o profeta que profetiza a vinda do Messias. No início da história cristã foi dito que Azrael subiu aos céus sem realmente morrer. Ele foi mencionado pelo herege Marcião nomeado como "Anjo da Lei".







Antecedentes 

   Embora algumas fontes têm especulado sobre uma conexão entre o ser humano e Azrael sacerdote Esdras, Ele é geralmente descrito como um arcanjo , cuja longa história antecede a esta figura. Ao invés de simplesmente representa a morte personificada , Azrael é normalmente descrito em fontes islâmicas como subordinada à vontade de Deus "com o mais profundo respeito.


   No misticismo judaico, ele é identificado como a personificação do mal, não necessariamente ou especificamente o próprio mal . Dependendo da perspectiva e preceitos de várias religiões em que ele é uma figura, Azrael pode ser retratada como residindo no terceiro céu .

    Em uma de suas formas, ele tem quatro faces e quatro mil asas, e todo o seu corpo é constituído de olhos e línguas, cujo número corresponde ao número de pessoas que habitam a Terra . Ele será a última a morrer, grava e apagar constantemente em um grande livro, os nomes dos homens no nascimento e óbito, respectivamente.


    Os homens de Marrocos, tinha o costume de raspar a cabeça, deixando um único tufo de cabelo em qualquer coroa, à esquerda ou à direita da cabeça, de modo que o anjo Azrael fosse capaz de
"puxá-los para o céu no último dia."


Na arte e literatura 

   Azrael, tanto como um personagem ou um mais conceito abstrato, tem sido adotado por diversos artistas, músicos, poetas e autores ao longo dos séculos para se expressar ou evocar uma variedade de diferentes significados e emoções no leitor - muitas vezes aproveitando a ressonância cultural do seu nome para o efeito.




domingo, 1 de maio de 2016

A verdadeira história do conto "Alice no país das maravilhas"


   A verdadeira história claro, não tem exatamente um conto feliz, muito pelo contrário é bem triste.
Cada personagem e objetos do conto, tem algo a ver com suas experiências em vida real.

   O buraco por onde Alice vai ao País das Maravilhas, era na realidade a janela de seu quarto, por onde ela sempre pensava em fugir para poder conhecer o mundo lá fora.

   O coelho branco, representava o tempo, do qual ela queria que passasse o mais depressa possível, para poder sair de seu quarto, onde esteve presa por tanto tempo.

   O famoso Chapeleiro Maluco, era um dos que também estavam internados, ele era seu melhor amigo. Era alguém que a fazia se sentir melhor e criava teorias de como eram as coisas fora do quarto onde estavam. Porém ele sofria de Síndrome Bipolar, por isso no conto ele sempre estava diferente em cada situação.

   A Lebre (companheira do Chapeleiro), era a garota que dividia o quarto com ele e esta sofria de depressão profunda, tanto que todas as vezes que Alice tentou se aproximar, a garota ficava em estado de terror e paranoia.

   O gato de Cheshire era um dos enfermeiros que Alice mais confiava, porém ele a enganou e acabou por violentá-la. O sorriso que é tão marcado, na verdade tem um lado obscuro, era o que ele sempre abria cada vez que lhe abusava.


   A Rainha de Copas representava a diretora do sanatório. Era uma mulher má e desprezível, além de ser a favor da terapia de choque e da lobotomia. Muitas vezes ordenava que os funcionários espancassem, sedassem e prendessem os pacientes em jaulas, quando faziam algo que não a agradava.

   A Rainha Branca era sua mãe, uma mulher nobre e terna, que sofria por ter uma filha doente e tendo que abandoná-la em um sanatório. Alice só pensava que o mundo lá fora era um lugar melhor, pois sua mãe estava lá e que algum dia poderiam estar juntas e assim ela teria um tratamento melhor.
Os Naipes eram os enfermeiros, e viviam seguindo ordens o dia todo.

   A Lagarta Azul era sua terapeuta, era sempre ela que lhe dava respostas, explicando tudo o que acontecia com quem Alice conversava.

   Tweedledum e Tweedledee eram gêmeos siameses órfãos, que também estavam no hospital. Mesmo que não possuíssem problemas mentais, o que justificava sua internação, era que tinham uma aparência assustadora.

   O Rei de Copas era o médico psiquiatra do hospital. Tinha um complexo de inferioridade e por isso era incapaz de se opor às ordens da diretora.

   Os frascos "Coma-me" e "Beba-me" eram as drogas que lhe davam, como eram extremamente fortes, Alice tinha a sensação de estar encolhendo ou crescendo.

   Isso foi tudo criado em sua mente como se fosse um mundo paralelo no qual ela se sentia melhor. Sua irmã mais velha era uma das enfermeiras do sanatório e sempre anotava em um caderno todas as histórias de Alice. Ela por fim tentou fugir do local, mas sua tentativa foi frustada e assim recebeu vários castigos, no final Alice entrou em estado de coma, do qual ficou por vários anos e mais tarde chegou a falecer.